quinta-feira, 27 de setembro de 2018
1 ano passado...
Demorei um ano a assumir: estive quase 1 ano a caminhar para a morte.
Sem me dar conta, fui-me destruindo, porque não dei importância à minha saúde.
Sentia o corpo a enfraquecer, e simplesmente culpava-me porque "é falta de exercício".
As pernas não respondiam, os joelhos falhavam, "é falta de exercício".
Andei tão distraída de mim, que cheguei a permitir ser objecto de gozo e brincadeira, falta de respeito mesmo, sem ter força para reagir; só para "viver como os outros". Sem problemas, sem forças para me manter "Eu".
A fraqueza do corpo atingiu a mente, com certeza.
Até ao sentir-me cair, sem forças, e ter que entrar em casa de joelhos, retirei importância:"não misturas mais paracetamol com sangrias!"
Quando fiquei deitada, no chão, sem forças para gritar, não me assustei muito. Quando o meu pai me levantou, não tive forças para o ajudar; não me assustei muito.
Quando me sentaram na cadeira para me transportarem para a ambulância, não me assustei. Quando segui na maca da ambulância para as urgências, quando me encaminharam para tantos exames, quando me disseram que tinha que ficar internada, e mais uma série de coisas, e exames, e tratamentos, não me assustei.
Não me importei, nada me importava muito, nem o não conseguir segurar o copo dos comprimidos, de tanto que tremia, me assustou.
Agora posso dizer que a ideia de lá ficar, deitada, longe de todos, me seduziu muito.
Fechar os olhos e não me mexer. Era o que queria.
Estive a morrer, e teria morrido sem dar conta...
O que fiz, o que devia ter feito;
o que disse, o que devia ter dito;
o que senti, o que devia ter sentido...
Talvez não fosse um total desperdício, mas foi de certeza muito mal vivido.
Ou então talvez não;
Porque encontrei pessoas espectaculares naquele hospital, profissionais, auxiliares, voluntários. Todos vieram ter comigo, até Jesus, na comunhão.
Porque vivi, ou sobrevivi.
Porque vi o que é para mim, e o que não se encaixa na minha vida.
Porque aprendi, mais uma vez, que não tenho que tentar ser o que não sou. e o que eu acredito vale mesmo a pena!
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